SÃO PAULO - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, discutia pessoalmente com dirigentes da Petrobras detalhes de licitações, aditivos e até mesmo problemas técnicos em obras tocadas por fornecedoras da estatal que doavam ao partido, segundo o ex-gerente de engenharia da estatal Pedro Barusco.
Em depoimento prestado no último dia 12 e tornado público nesta segunda-feira em processo da Operação Lava-Jato, Barusco deu mais detalhes dos encontros com Vacccari, segundo ele realizados no Rio de Janeiro, em hotéis como Cesar Park, em Ipanema, Sofitel e Windsor, em Copacabana; e em São Paulo, nos hotéis Sofitel Sena Madureira, Transamérica Morumbi e Melia Alameda Santos.
Segundo Barusco, participavam dos encontros Vaccari e o então diretor de Serviços da estatal, Renato Duque. Além de tratar de “divisões de propina”, os participantes falavam sobre o "andamento de alguns projetos e contratos, em relação aos quais o Vaccari tinha interesse em ter conhecimento", segundo o depoimento.
"Nessas ocasiões, Vaccari formulava algumas reivindicações em nome de empresas, por exemplo, para ver se era possível resolver algum problema, envolvendo licitações, celebrações de aditivos, inclusão de empresas na lista de empresas cadastradas, ou mesmo problemas técnicos”, disse Barusco ao Ministério Público Federal (MPF).
No depoimento, o ex-gerente da Petrobras afirma que as reivindicações das empreiteiras “eram atendidas na medida do possível, no limite dos procedimentos e requisitos técnicos da Petrobras”.
De acordo com Barusco, "quando chegava perto do hotel”, ele trocava mensagens pelo celular com Vaccari para acertar o local e o horário dos encontros.
Nas próximas semanas, investigadores deverão buscar confirmar com operadoras de telefonia se as mensagens foram, de fato, trocadas entre Vaccari e o ex-gerente. Imagens do circuito interno de áreas comuns dos hotéis citados no depoimento também deverão ser buscadas pela polícia.
Barusco voltou a afirmar que não operacionalizava o pagamento de propina a Vaccari, por isso não saberia dizer em que contas ele recebeu recursos. Ainda assim, afirmou “ter certeza” de que valores destinados ao petista em contrato do Estaleiro Kepell Fels teriam sido pagos, “uma vez que somente passou a receber sua parte após o faturamento do contrato ter ultrapassado o montante de propina destinado a Vaccari”.
O PT nega que seu tesoureiro tenha recebido propina por contratos da Petrobras ou tratado de detalhes de contratos da estatal com dirigentes. “As afirmações do delator não são verdadeiras. Apenas para exemplificar, Vaccari Neto nunca enviou ou recebeu SMS do senhor Pedro Barusco”, informou nesta segunda-feira o partido, por meio da assessoria de imprensa.
O PT também tem alegado que doações recebidas pelo partido teriam vindo de empresas “legalmente estabelecidas” e sido efetuadas “por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes, observando sempre os parâmetros da legislação eleitoral".
De: O Globo
POR THIAGO HERDY E LEONARDO GUANDELINE
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